26 de abril de 2010
dias sem sol
Eu me deito e espero a água correr pelo meu corpo, turva que me lava até ficar límpida sob meus pés. Não é o mar que corre dentro de mim que me acalma. Mas ele é como morfina, anestesia para meu corpo que se fecha. Não quero respirar porque tenho medo de perder o sopro da vida. Respiro devagar, dolorido, sentindo o gosto e o tempo de cada segundo inerte. Meu corpo parado estanca todos os poros. Minha eternidade se faz. Fico parada. Seguro o tempo na palma estática. O mar que corre para fora de mim leva tudo o que tenho e deixa meu corpo quieto. Nesse dia, um sangue branco sem pulso corre por mim e me deixa vaga. Nesse dia, a felicidade inteira e exagerada dá lugar a não-felicidade. Ela não é tristeza. Ela não é não-viver e não-sonhar. Ela é apenas longe da loucura dos meus outros dias. Mas eu me abasteço nela. Eu me limpo de tudo para senti-la. Dou lugar ao vazio que nunca habita em mim, à quietude que nunca me encanta. E acho que por isso tenho tanta energia para todos os dias de sol. Porque quando esse mar me lava, ele me tira todos os medos, todos os sentimentos. Me deixa seca, sem orvalho. Assim, à deriva, sem pensamento ordenado. Pronta para os outros dias de loucura que seguem.
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5 comentários:
Lindo seu texto Lu.
Adoro a forma como você se expressa...
Me faz te ver sem ao menos te conhecer.
Beijos
Mila
Bravo.
Tens toda razão, as vezes precisamos do nada, par nos refazermos em um todo.
O vazio que não entristece deveria sim vir com mais frequência, quem sabe assim as dores seriam estancadas mais brevemente.
Beijos, ótima semana!
Luciana...
Esse teu mar tem a cor ainda mais azul, é ainda mais profundo, pois perde-se entre os horizontes do teu corpo!
Belo o teu texto!!!
Beijosss
AL
que lindo,sempre soube que vc era romantica e expressiva, adorei seu blog.
tudo tem muito de vc.
bjus.
maninha
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