22 de fevereiro de 2012

lentitude

Me prenda no breve espaço do instante insignificante do nada. Me solte pela ladeira, correnteza certa de tiro livre para o sempre. Me prove do amargo ao doce que tenho e solto a cada poro aberto pelo toque áspero do sol. Me entenda do mistério que me basta  e que me faz olhar distante do seu olhar de sempre. Me envolva do quente chão ao salgado da rede que o vento sopra. Me transporte para o universo de templos desconhecidos de olhos desvendados que fitam e seguram a brevidade do sagrado contemplo. Me sacie da sede que é fome de inconstância e de sentar sob o céu que escorrega lento no horizonte. Meu dia segue do avesso, de encontro e contra o que tudo sinto e carrego, de fardo leve e abafado, a um chão de estrelas cadentes. Meu tempo segue parado, estátua de mármore de uma só virtude que me habita sempre: lentitude.