Eu pago um preço por acreditar. Não é a ilusão. Não é a esperança. Nem espero. É ter a alma leve, o coração aberto e os olhos cerrados. É o preço que se paga por viver. De entrega, de calma, de brisa. Quem disse que seria fácil? Quem provou que seria doce? Mas é inteiro. Não empresto, não divido, mas o que sobra, o que transborda, isso eu dou de graça. Não é justo ter só comigo. Meu sorriso é manso. Meu olhar atento. Mas passa, e eu nem percebo. É muito desse universo. E não é ilusão. Não é esperança. Nem espero. É seguir em frente. No que acredito? Na eternidade de um dia apenas. Numa conversa a toa. Se eu mereço? Só o céu me responde. Da nuvem alta que habito agora, dos pés cravados no chão da vida. Eu sonho, abro a porta e não procuro. O que planto, um dia brota. A bondade que trago dentro, me faz crença que amanhã cedo tenho tudo de novo. E nem espero, apenas sigo.
23 de março de 2012
15 de março de 2012
sou inteira
Sou palavra solta. Verbo de fechar os olhos. Estrela cadente que aponta no alto. Sou passaporte, entrada e saída. Tenho insônia, sonhos e dias perfeitos. Sou a felicidade que habita as vagas horas. Sou sinal verde para acreditar de novo. De novo, sou o relógio que pára o tempo. Sou espera perfeita, da busca do nada. Sou horizonte e vertigem. Tenho medo, paixão e folhas em branco. Sou sem rima, sem poesia. Sou fogo, brasa e nuvem. Sou esperança, dia novo e café forte. Sou estrada na minha viagem. Sou castelo, casa na praia e na árvore. Tenho mãos pálidas, rosto que queima e olhos que ascendem. Sou livro aberto, tiro certo. Sou constante, sou instante da eternidade. Sou a calçada, a brisa e o temporal. E sou inteira, na metade do que sei. Sou quem vai, sem volta. Vem comigo?
6 de março de 2012
Duas verdades
Tem um preço. Assusta quem leva, corroí quem tem. É o preço da incompreensão. A verdade tem seu dono, sua razão insensata. Tem seu lado negro, sua face doce. Tem duas vias. Tem a minha e tem a sua. Tem crueldade e leveza. Tem misto de compaixão e egoísmo. Ser verdadeiro é se transportar para um mar revolto que corre sem volta. Uma corrida incansável de busca. Que lava por dentro e por fora. Quem despenca da verdade absoluta, encontra respostas cruas. Mas se encontra de verdade. Um mundo de mentira é caminho fácil para quem quer encosto. Descanso tolo sem recompensa. Eu tenho a minha e ela tem um preço. Mas pago pra ver. Tem troco? Pode levar. Pago o que for.
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