14 de agosto de 2006

A morte e a vida em seus intervalos

intermitências...: não contínuo, interrompido a espaços e retomado novamente.

...a sedução da eternidade, da vida sem a morte e a catástrofe social causada pela sua ausência... o que nos incomoda acaba por nos surpreender no final, com uma visão mais humana e ate mesmo doce daquilo que sempre nos assombra, do velho ditado da tal única certeza que temos na vida.

“As intermitências da morte”, de Saramago, nos provoca para um sentimento diferente do que temos, que vai alem do pensar e tentar agir diante da brevidade da vida... nos faz viajar para uma possibilidade mais humana daquela tão carrasca caveira com o capuz preto a nos perseguir diante do destino e do passo em falso.

Para um idealizador e eterno romântico, o inicio incomoda. A realidade dura, crua e sangrenta e a hipocrisia revelada da falta de valores na família: o despejo, o descarte dos doentes, dos “menos” mas não inválidos. A realidade conhecida entre máfia e estado, as relações aparentes e descaradas entre o governo e a escoria. Mas tudo isso é reflexão.

Em suas folhas finais, o romance nos surpreende. Nos levanta para outra perspectiva. Mas não vou aqui estragar a deliciosa surpresa que Saramago nos revela. Só um convite: vale a pena!

A linguagem atraente me convida a conhecer mais sobre o autor. Tenho outro em casa: A Caverna. Mas esse somente depois de Catadores de Concha, que estou lendo agora.

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