21 de agosto de 2006

Ninguém deve temer o governo. O governo é que deve temer seu povo

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Há alguns dias vi, finalmente, o filme V de Vingança. Não sou nenhuma cinéfila ou crítica de cinema. Mas acho que tudo que leio e vejo, que contribui para renovar meu olhar sobre a vida, vale a pena ser compartilhado.
Bom, não conheci a história em quadrinhos original (Alan Moore) mas a adaptação dos fabulosos irmãos Andy e Larry Wachowski (Matrix) é de fazer parar o tempo pra pensar na vida.

Num futuro alternativo do passado (parece até mesmo um novo tempo verbal..rs) vemos um anarquista lutando (através de golpes, sua exímia habilidade em destruição e sua excelentíssima retórica – o início em que ele fala usando palavras sempre iniciadas com V é magnífico) contra corrupção de um governo totalitário e fascista. Trata-se do “V” que salva Evey, personagem de Natalie Portman, de ser atacada por “seguranças” do governo, criando assim um laço indissolúvel entre os dois.
“V” faz Evey acordar de seu casulo, quando a vemos liberta através da chuva (e no filme vemos que “V” se liberta através do fogo – lindíssimo). A cena do beijo, por mais que parecesse fria por conta da mascara de V, é bela. Eu confesso, “V” é além de culto, sofisticado e intelectual é um charme de personagem...(risos)!!!
“V” é um idealista e altruísta... daí não foi difícil me identificar de cara com tudo aquilo. A forma até meio brutal com que ele faz Evey acordar para a realidade e para a necessidade de participação frente ao governo, justifica o resultado: “ninguém deve temer o governo. O governo é que deve temer seu povo”.


V de Vingança
Direção: James McTeigue.
Com: Natalie Portman, Hugo Weaving, John Hurt, Stephen Rea, Stephen Fry, Tim Pigott-Smith, Rupert Graves, Roger Allam, Ben Miles, Sinéad Cusack, Billie Cook.

14 de agosto de 2006

A morte e a vida em seus intervalos

intermitências...: não contínuo, interrompido a espaços e retomado novamente.

...a sedução da eternidade, da vida sem a morte e a catástrofe social causada pela sua ausência... o que nos incomoda acaba por nos surpreender no final, com uma visão mais humana e ate mesmo doce daquilo que sempre nos assombra, do velho ditado da tal única certeza que temos na vida.

“As intermitências da morte”, de Saramago, nos provoca para um sentimento diferente do que temos, que vai alem do pensar e tentar agir diante da brevidade da vida... nos faz viajar para uma possibilidade mais humana daquela tão carrasca caveira com o capuz preto a nos perseguir diante do destino e do passo em falso.

Para um idealizador e eterno romântico, o inicio incomoda. A realidade dura, crua e sangrenta e a hipocrisia revelada da falta de valores na família: o despejo, o descarte dos doentes, dos “menos” mas não inválidos. A realidade conhecida entre máfia e estado, as relações aparentes e descaradas entre o governo e a escoria. Mas tudo isso é reflexão.

Em suas folhas finais, o romance nos surpreende. Nos levanta para outra perspectiva. Mas não vou aqui estragar a deliciosa surpresa que Saramago nos revela. Só um convite: vale a pena!

A linguagem atraente me convida a conhecer mais sobre o autor. Tenho outro em casa: A Caverna. Mas esse somente depois de Catadores de Concha, que estou lendo agora.