31 de outubro de 2011

É um gosto de areia que fica na garganta. E não há verbo que se conjugue. O tempo não escuta as preces e a minha pressa se refaz hoje, a cada instante. Pressa de largar para trás e secar o sol que abafa a janela. Nada do que se diga, estanca a dor de lá fora. O passado é teu, somente! Eu? Colho o orvalho de amanhã cedinho e nele (re)encontro o que me esperou ontem. Passou. Não tenho retrovisor e meus olhos saem, não entram mais. O que restou é esquecimento. O que fica é aquilo que corre na vala comum. Pensar é morfina. Jogue-se fora. Comecemos de novo.  Prazer, presente!

30 de outubro de 2011

Sem valor

A magia das palavras é aperitivo doce que sacia a alma inquieta. Mas é preciso cuidado. Quando a alma escorre lenta, a razão cai ladeira abaixo. O andar se torna turvo. O olhar se desliga. A atenção se dissipa e então a ironia é tiro certo, mas sem alvo. Em vão. Da maldade, o que se traduz é pálido, sem cor e sem sentido. Não adianta. Espere, observe e absorva. Um tapa na cara de quem perde ou esconde a razão é estupidez desnecessária que diminui, despreza e se perde. Plante uma árvore. E pronto. Deixe lá plantadas suas palavras decoradas e rasgadas de outros poemas. Para um bom entendedor, meio poema basta.